Redes de Colaboração Solidáia
– Aspectos econômico-fílosóficos: complexidade e libertação

Editora Vozes, 2002,  1a. Ed., 368 pp.


Apresentação

O rápido crescimento internacional das redes solidárias e de seu poder de atuação nos campos da economia, política e cultura é um dos fenômenos marcantes da última década. Este crescimento se firma qualitativamente no projeto de construção de uma globalização solidária, com valores contrapostos aos da globalização capitalista em curso. Mais do que uma eficiente estratégia organizativa de empresas, de entidades civis ou de movimentos sociais, essas redes emergem como atores coletivos que estão construindo um novo contrato social, que exige a justa distribuição da riqueza produzida coletivamente, o respeito ao equilíbrio dos ecossistemas e à diversidade de culturas que promovam simultaneamente as liberdades públicas e pessoais, a convivência pacífica entre os povos e um tratamento adequado às diversas questões levantadas pelos movimentos sociais-populares, em prol do bem viver de todas as pessoas. A pujança dos Fóruns Sociais Mundiais e a eficiente interligação virtual dessas redes solidárias, sinalizam perspectivas promissoras.

Quando compreendemos essa dinâmica das redes solidárias sob a abordagem complexa de uma filosofia da libertação, percebemos que a riqueza em germinação nesse processo tanto pode desabrochar quanto fenecer, dependendo dos rumos coletivos que sejam estabelecidos a essa mesma transformação. Cabe pois uma reflexão cuidadosa e abrangente dessa revolução das redes, apontando como a colaboração solidária entre as diversas redes, organizações sócio-políticas, empresas e pessoas pode engendrar sociedades melhores, de caráter pós-capitalista. Cabe explicitar o paradigma desde o qual compreendemos essa revolução e que é recursivamente transformado por ela mesma. Cabe responder às objeções levantadas à colaboração solidária como uma estratégia de transformação local e global, apontar mecanismos econômicos e políticos adequados ao seu avanço, bem como considerar os seus atuais desafios. Cabe-nos a responsabilidade, como cidadãos e cidadãs, de construirmos novas relações humanas, mais livres e solidárias, colaborando de maneira pessoal e coletiva na transformação, para melhor, do mundo em que vivemos.


Sumário

Prefácio: Breve Contextualização Retrospectiva

Introdução

1. A Colaboração Solidária como uma Alternativa à Globalização Capitalista

1.1. O método de Investigação e Proposição
1.2. Da Exclusão do Consumo à Busca por Alternativas
1.3. Partindo de Práticas Efetivas de Enfrentamento da Exclusão Capitalista
1.4. O Consumo Solidário e a Construção de Uma Sociedade Pós-Capitalista.
1.5. As Redes de Colaboração Solidária em sua Dimensão Econômica.
1.6. A Revolução das Redes como Estratégia de Libertação Popular

2. Aspectos Filosóficos das Redes de Colaboração Solidária
- Complexidade e Libertação

2.1. Complexidade, Singularidade e Libertação
2.2. Laços de Realimentação: Fluxos de Valor, Matéria e Informação
2.3. Iteração e Complexidade
2.4. Padrão e Diferença - Figuras Fractais e Cartografias de Rede
2.5. Autopoiese - Ordem, Desordem, Auto-organização e Autoprodução
2.6. Integralidade - A Dialógica entre o Separável e o Inseparável
2.7. Diversidade e Lógica Indutivo-Dedutivo-Identitária: Abordando a Emergência do Inusitado
2.8. Fluxos de Informação, Abdução e Retroação
2.9 Assimilar-se às Redes Solidárias e Compartilhar o Bem Viver
2.10. O Caráter Molecular e Molar das Redes de Colaboração Solidária e a Subjetivação Subversiva
2.11. Ciclos, Conexões, Auto-organização e Cadeia Produtiva
2.12. Desenvolvimento Cooperativo, Simbiogênese e Fluxo de Informação
2.13. Recursão Organizacional: Geração Espontânea, Fissão e Cadenciamento
2.14. Tempo Livre e Bem Viver.
2.15. O Paradigma da Abundância versus o Paradigma da Escassez
2.16. A Complexidade de Rede e as Qualidades Emergentes
2.17. Revolução e Utopia
2.18. Sustentabilidade Holística - Autonomia e Dependência
2.19. A Congruência entre Demandas Sociais e sua Satisfação nas Redes Solidárias
2.20. Gestão Democrática e Dialogicidade
2.21. Problematização, Interveniência e Alternatividade
2.22. Redes Solidárias e Exercício da Liberdade
2.23. O Bem Viver e o Gozo na Morada
2.24. A Proximidade como Sentido da Consistência Humana
2.25. Consistência, Tempo e Subjetivação

3. Sobre Algumas Objeções à Revolução das Redes

4. A Pobreza e a Colaboração Solidária

4.1. Sobre a Noção de Pobreza
4.1.1 A Pobreza como o Contraditório de Noções Econômicas de Riqueza
4.1.2 A Pobreza e o Desenvolvimento Humano
4.1.3 A Pobreza e a Liberdade
4.2. Colaboração Solidária e Erradicação da Pobreza

5. Ação Global Contra o Capitalismo e Rede Mundial de Colaboração Solidária
- De Seattle aos Fóruns Sociais Mundiais

5.1. A Emergência das Redes como Atores Coletivos e como Esfera de um Novo Contrato Social
5.1.1 A Recente Emergência das Redes e suas Potencialidades
5.1.2 As Redes de Economia Solidária
5.2. Uma Revolução em Curso - De Seattle aos Fóruns Sociais Mundiais
5.3. Da Resistência ao Neoliberalismo à Globalização da Solidariedade
5.4. Redes em Colaboração Solidária: Esfera Democrática de um Novo Contrato Social

6 Alguns Desafios Atuais

6.1 Difusão do Consumo Solidário
6.2 Logística de Distribuição
6.3 Organização de Fundos de Desenvolvimento Solidário
6.4 Mapeamento e Conexões
6.5 Diversificação e Qualificação dos Produtos e Serviços
6.6 Capacitação Técnica
6.7. Formação Política e Cultural - Autogestão e Solidariedade
6.8 Estruturar, Fortalecer e Agregar as Redes de Economia Solidária

Conclusão

Anexos

Anexo 1. Da Economia Capitalista à Economia Solidária -
Considerações sobre a Transição de Sistemas e Procedimentos
1. Just in Time
2. Economia de Escopo
3. Pequenas Unidades Conectadas em Rede
4. Redes Mundiais Interligadas
5. Tecnologia da Informação
6. Pesquisa e Desenvolvimento
7. Comércio Eletrônico (E-commerce )
8. Comércio Colaborativo (C-commerce)
9. A inteligência do Gerenciamento em Rede
10. Autosustentação e Flexibilidade
11. Desafios da Nova Economia
12. Das Vantagens Competitivas às Vantagens Cooperativas

Anexo 2 - Cadeias produtivas em Economia de Rede

Anexo 3 - Algumas Considerações Sobre Redes de Trocas
1. Trocas Simples e Produção do Valor
2. Comercialização e Valor Agregado
3. O Acúmulo de Excedentes e o Incremento da Economia Solidária em Cadeias Produtivas
4. A Subsunção da Rede de Trocas pelo Sistema Capitalista
5. O Caráter das Moedas Sociais e a Aparência de seu Fluxo Frente à Real Produção e Circulação do Valor
6. As Redes de Trocas Operam com Duas Moedas
7. A Informalidade e a Cooperação Estratégica
8. Constituem-se as Redes de Trocas uma Alternativa ao Sistema Capitalista?
9. Aspectos deste Balanço e Limites Detectados
10. Possibilidades de Superação das Limitações Apontadas

Anexo 4 - O Portal Web das Redes de Colaboração Solidária

Anexo 5 - Elementos para a elaboração de Programas de Governo
1. Apoio às Redes de Socioeconomia Solidária
2. Banco do Povo
3. Bolsa de Negócios
4. Rede de Comércio Solidário
5. Bolsa Escola
6. Primeiro Emprego
7. Recomeço
8. Urbanização Comunitária
9. Incubadoras de Empresas
10. Cooperativas de Prestadores de Serviços
11. Licitações Pulverizadas

 

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